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Cerca de 80% dos jovens que hoje lotam igrejas em Amesterdão conheceram Jesus primeiro através das redes sociais — um sinal claro de como plataformas como o TikTok e o Instagram estão a impulsionar um novo avivamento espiritual entre a geração Z.
Texto e Vanessa Ezequiel Lopes

No coração da Holanda, um movimento de fé tem ganho fôlego entre adolescentes e jovens adultos que, ao contrário do que muitos pensavam, não abandonaram a espiritualidade — apenas a descobriram de forma diferente.
O pastor John Hofwijks, figura destacada na evangelização de jovens, revelou que a esmagadora maioria dos que frequentam os seus cultos semanais foram alcançados primeiro online.
“Tivemos de mudar para um espaço maior porque as filas ao sábado já não cabiam. E 80% dos que vêm até nós chegaram através das redes sociais”, contou, num episódio recente do podcast Revive.
Um dos rostos desta onda é Widia Soraya, uma jovem influenciadora que trocou a Nova Era por uma fé vibrante em Cristo, partilhada com milhões no TikTok. O seu testemunho de libertação e fé viralizou, atraindo outros jovens curiosos por uma espiritualidade autêntica.
“Ela partilhou comigo que enfrentou ataques espirituais por portas abertas na vida dela. Mas agora fala de forma real, radical, cheia de esperança. E os jovens seguem-na em massa”, explicou o evangelista Rob Veenstra, também convidado da conversa.
Segundo os líderes, o confinamento imposto pela pandemia foi o ponto de viragem: igrejas obrigadas a fechar portas migraram para o ambiente digital e, hoje, a geração Z recorre a esse mesmo espaço para aprofundar a fé.
Vídeos com títulos como Como ler a Bíblia, Como orar ou Arranja-te comigo para a igreja ultrapassam as bolhas tradicionais e somam milhões de visualizações sob hashtags como #CristãoNoTikTok ou #Devocional.
Para Rob Veenstra, o momento é entusiasmante mas exige cuidado: “É maravilhoso que encontrem Jesus online, mas nem tudo o que se diz nas redes é bíblico. Precisam de acompanhamento, de discipulado sério.”
Especialistas, como o psicanalista Lucas Liedke, apontam ainda que este fenómeno reflete uma procura por segurança num contexto de incerteza. “Ser adolescente é, por natureza, viver em crise. A pandemia intensificou esse sentimento de instabilidade. A fé oferece estabilidade emocional e pertença”, observou Liedke.
Christine Caine, evangelista internacional, confirma este anseio por algo mais profundo: “Há um desespero palpável. Eles não querem religião de fachada, mas uma experiência genuína com o Deus vivo que faça diferença no quotidiano.”