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Entre 24 e 28 de março de 2025, realizou-se em Horn, na Áustria, a conferência “Bridge 2025”, que juntou representantes de mais de 20 países europeus para debater estratégias e ações no combate ao tráfico humano e à exploração sexual, com forte participação das igrejas evangélicas.
Texto de Vanessa Ezequiel Lopes

O encontro, promovido pela European Freedom Network (EFN), teve como objetivo fortalecer a colaboração entre organizações e igrejas comprometidas na luta contra a exploração humana, privilegiando momentos de formação, networking e oração.
Durante a conferência, foram apresentados diversos modelos de apoio às vítimas, que vão desde a reintegração social até à capacitação económica. A Freedom Business Alliance destacou a importância de micro-empresas como instrumento para ajudar vítimas a reconstruir as suas vidas, proporcionando-lhes autonomia financeira e abrigo seguro. Um exemplo concreto foi o ministério austríaco Hope for the Future, que oferece formações profissionais a mulheres que deixaram a prostituição.
A tecnologia também foi abordada como ferramenta essencial na luta contra o tráfico. Organizações italianas, alemãs e suíças apresentaram plataformas que utilizam inteligência artificial e comunicações encriptadas para identificar redes criminosas, localizar vítimas e oferecer apoio seguro, principalmente a menores.
No campo legislativo, a conferência discutiu o Modelo Nórdico, que criminaliza o cliente da prostituição, adotado com sucesso por países como a Suécia e a França, e contrastou-o com modelos legais de países onde a prostituição é regulamentada, situação que, segundo os participantes, fomenta a exploração em massa, sobretudo de mulheres migrantes.
O papel das igrejas evangélicas foi um tema recorrente. Alguns líderes admitiram enfrentar resistência interna para envolver-se em causas sociais, por temerem desviar o foco da missão evangelística. No entanto, testemunhos partilhados mostraram que várias comunidades cristãs estão ativamente envolvidas na defesa dos direitos das vítimas e na promoção do abolicionismo.
Portugal esteve representado pela Aliança Evangélica Portuguesa (AEP) através de membros da sua equipa e de Marta Correia, do Projeto Insight em Luxemburgo, que contribuíram para o intercâmbio de experiências e o fortalecimento da rede europeia de combate ao tráfico humano.