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Um complexo de túmulos cristãos com mais de 1.500 anos foi recentemente encontrado por um empreiteiro na cidade síria de Maarat al-Numan, revelando relíquias da era bizantina sob as ruínas deixadas por mais de uma década de conflito armado.
Texto de Vanessa Ezequiel Lopes

Em plena província de Idlib, uma das regiões mais devastadas pela guerra civil na Síria, um pedaço significativo da história cristã veio à luz de forma inesperada. Enquanto removia escombros de uma casa destruída, um empreiteiro local descobriu um conjunto de sepulturas antigas, decoradas com cruzes e rodeadas por fragmentos de cerâmica e vidro.
As imagens partilhadas pelas autoridades mostram claramente túmulos cristãos datados de mais de 1.500 anos, situando-os na época do Império Bizantino, que dominou grande parte do Médio Oriente entre os séculos IV e XV.
“Com base na presença da cruz e nos artefactos encontrados, podemos confirmar que este túmulo pertence à era bizantina”, explicou Hassan al-Ismail, director de antiguidades de Idlib.
Segundo o responsável, esta província é um verdadeiro tesouro arqueológico, concentrando cerca de um terço dos monumentos históricos da Síria e abrigando mais de 800 sítios arqueológicos identificados.
Jaafar, um dos habitantes locais que visitou o local com o filho, expressou o desejo de ver este património preservado: “Precisamos de cuidar destas antiguidades, restaurá-las e devolvê-las ao que eram antes. Isso pode ajudar a recuperar o turismo e revitalizar a economia local.”
Antes do conflito, Maarat al-Numan recebia turistas de várias partes do mundo, atraídos pelas ruínas e relíquias de um passado cristão e bizantino que continua a emergir das camadas de destruição.
A descoberta na Síria surge num contexto de achados semelhantes noutras regiões do antigo Império Bizantino.
Em Israel, houve um mosaico cristão de 1.600 anos foi exibido ao público pela primeira vez. Também no Reino Unido, um balde ornamentado de 1.500 anos, fabricado na antiga Antioquia, foi identificado num sítio histórico, revelando ligações directas com o legado bizantino espalhado entre a Europa e o Médio Oriente.
Mesmo sob o peso de uma guerra prolongada, a Síria continua a revelar vestígios que recordam a presença viva do cristianismo primitivo, testemunhando uma herança que sobrevive às ruínas e ao tempo.